No dia 19 de março de 2011,entre 9:30 e 11:30h ocorreu no zoo de Brasília-DF um encontro da velha guarda da capoeira local,com a participação de vários capoeiristas do mais alto quilate. Entre os mais antigos,tivemos o privilégio de contar com a presença do mestre Tabosa. Compareceram também os mestres: Monera( Antonio Carlos), Alcides, Luis, Paulo, Carcará,André, Paulao, Gilvan, Jomar, Aranha etc.
O mestre Monera foi formado pelo mestre Tabosa, mas ganhou de mim esse apelido quando começou iniciou comigo no Elefante Branco. Estudávamos na mesma turma do curso "Científico "do CEMEB. Por ser pequeno e muito parrudo,comecei a chamá-lo com o nome da divisão dos seres vivos da qual pertencem as bactérias. Acabávamos de aprender isso nas aulas de ciências naturais.rsrsrrsrsrrsrsr. Ele faz parte da história da capoeira do DF,também por ter vencido a final dos pesos leves,no campeonato brasileiro de 77. Participei na categoria peso pesado e vencí o Acordeon,para a alegria dos presentes, mas a Bahia convenceu a banca organizadora a retirar a minha vitória .
O mestre Monera derrubou o adversário com uma rápida e perfeita cruz. Ele treinou comigo até o dia onde pensou que me derrubaria com uma banda de costas. O feitiço virou contra o feiticeiro e ele foi "enterrado "com o mesmo golpe. Naquele momento,pegou suas coisas e saiu sem se despedir. Foi treinar com o mestre Tabosa onde tornou-se um grande capoeira e campeão brasileiro(Ainda bem!!! rsrrs).
Daquela turma de 68 saíram grandes capoeiristas,como o Dr. José Reinaldo Vieira,possuidor do martelo rodado mais alto que já ví até hoje. Quem aproximou-se da sua marca,foi o Renato Pimenta da Veiga aluno do mestre Jomar. O Zé Reinaldo é um conceituadíssimo oftalmologista em Brasília. Posteriormente foi treinar com o mestre Tabosa. Eu iniciei muitos capoeiristas que se deslocaram depois para outras academias. Creio que, por questões de proximidade de suas residências,horários flexíveis ou mesmo porque eu não era muito simpático. Nunca fui do tipo repressor,mas também não admitia indisciplina. Eu treinava porque gostava. A capoeira era o meu parâmetro para o sucesso em outras atividades. Mesmo precisando da pequena quantia de dinheiro que cobrava dos alunos, não tolerava preguiçosos. E nessa linha de raciocínio, eu não percebia que muitos estavam alí por puro lazer . Eu deveria ter tirado proveito disso através de uma atitude mais simpática , agregadora ao invés de marcial.
O Ronald hoje é engenheiro,mas na época era um capoeirista sagaz e um tremendo gozador. Juntava-se ao Zé Reinaldo para contar histórias fantasiosas a meu respeito para os alunos novatos. Ele lhes dizia para me pedir que executasse o meu famoso "Aú vocativo " . Ele descrevia minuciosamente aos alunos, o modo como eu executava tal movimento enquanto a platéia ficava boquiaberta : - "Começa como se fosse um simples aú, apoiando-se na bananeira apenas com o dedo mindinho e logo individualmente com os dedos seguintes. Depois passa para a outra mão até voltar a ficar de pé. Às vezes ele para na bananeira e solta as mãos e sustenta todo o corpo com a língua " kkkkkkkkkkkkk Quando algum aluno menos ajuizado vinha me perguntar,eu desmentia é claro, misturando desculpas com gargalhadas. Era divertido !!!.
O mestre AC,meu primeiro formado,foi também daquela época.
O mestre Tranqueira também treinou comigo,mas não sei com quem se formou. Era um negro alto e forte e com grande facilidade de derrubar seus adversários com suas bandas de frente infalíveis. Um dia,apareceu no CEMEB um ônibus vindo de Matogrosso cheio de mulheres bonitas . O guia que as acompanhava era um professor de educação física com iniciação em capoeira,o qual gostaria muito de voltar a Brasíla e ser meu afilhado. Não guardei seu nome e nunca mais o ví. Bem,isso tudo é uma prévia para contar que armamos uma roda de exibição para as meninas. Quando joguei com o Tranqueira,quase caí numa de suas bandas de frente. Sentí meu pé de apoio arrastado por alguns centímetros e
sentí um frio percorrendo a espinha. Quando percebí que não havia caído, me recuperei e partí para cima dele incentivado pelas lindas espectadoras. O Tranqueira trabalhava numa gráfica e fez alguns cartões de visita para mim. Dava aulas no palácio do comércio entre as quadras 504/505 sul.
sentí um frio percorrendo a espinha. Quando percebí que não havia caído, me recuperei e partí para cima dele incentivado pelas lindas espectadoras. O Tranqueira trabalhava numa gráfica e fez alguns cartões de visita para mim. Dava aulas no palácio do comércio entre as quadras 504/505 sul.
Fiquei com um livro mostruário dele, para escolher outros modelos de cartões. Não conseguí entregá-lo porque logo soube de sua morte por hemorragia digestiva em função de uma hepatite fulminante.
Ainda a respeito do evento do zoológico,soube pelo mestre Alcides,de um acontecimento ocorrido em uma grande roda realizada no colégio agrícola em Planaltina-DF,da qual não participei.
Um aluno do mestre Sabú de Goiânia,conhecido por Bosquinho jogou muito duro com o mestre Chibata,para o meu descontentamento e por não estar presente naquele dia. O rapaz era uma figura bem afeiçoada , de boa família daquela capital goiana, além de ser um grande capoeirista.
Meu aluno,Péricles Gasparini (Molinha),grande capoeira , primeiro campeão de skate em Brasília , grande funcionário da ONU , residente em NYC,resolveu a pendência. Ele foi a Goiânia e jogou numa roda de rua com o tal rapaz,aplicando-lhe alguns corretivos pelo que havia feito ao mestre Chibata.
Fiquei sabendo faz alguns anos,que fui professor de um sobrinho do Bosquinho na faculdade de medicina da UNIPLAC-DF. Disse-me que seu tio tinha fama de brigão e terminou sendo executado enquanto trocava um pneu na frente da casa da namorada,pensando que fora causado por um prego acidental.
Adilson,sómente agora pude comentar o texto do seu blog, que faz referências à mim.Fiquei muito feliz em saber que faço parte das sua memórias.Achei o máximo tudo que você colocou.Permita-me uma pequena correção.Em 1971,ingressei na UnB, e por praticidade , uma vez que passava o dia todo por la,comecei a treinar com o Hélio.O fatidico dia da banda de costas que voce me aplicou,e diga-se de passagem, quase me matou, foi em 1975.Portanto não foi abandono.De toda forma ,fiquei honrado e muito orgulhoso por ter sido citado por um dos melhores capoeira do Brasil e grande Mestre, que tive oportunidade de conhecer.Mestre, meu grande abraço.Monera
ResponderExcluirDesculpe-me discordar de vc quanto ao ano de 1975. Foi exatamente na época que vc começou a capoeira lá no Elefante Branco. Sabe porquê? Em 75 vc já era um grande capoeirista e com muita bagagem,consequentemente eu não conseguiria ,mais,te derrubar.
ResponderExcluirE como eu disse antes,os amigos que me seguiam precisavam continuar os treinos e por diversos motivos tiveram que se afastar do CEMEB. Entre eles,o local distante de suas residências e os horários não compatíveis. O importante de tudo isso é que vc tornou-se um capoeira de orgulho para Brasília.