Escreví estas linhas para o Indio do Ave Branca,quando o ví NO ORKUT sustentando o filho nos braços e deixando apenas os pés do herdeiro,tocar a água da piscina.
Uma imagem,nos provoca diversas possibilidades de interpretação. Da mesma forma temos obrigação de interpretar as diversas imagens(um filme) executadas pelo camarada jogando conosco. Necessitamos de uma certa desaceleração ao interpretar cada "película". Quando gingamos,mudamos o referencial , acompanhando,antecipando e compreendendo sem preconceitos.
QUANDO EU ERA PEQUENINO
NUMA MANHÃ DE VERÃO
MEU PAI PEGOU-ME NOS BRAÇOS
ENSINANDO-ME UMA LIÇÃO.
VEJA!! NÃO SÓ COM OS OLHOS
TUDO À FRENTE E ATRAVÉS
ESCUTE O CHEIRO DO MUNDO
PROTEJA A ALMA COM OS PÉS.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE.
Transcrevo aqui o que enviei ao PORTAL CAPOEIRA
Salve amigos do PORTALCAPOEIRA !
Salve amigos do PORTALCAPOEIRA !
Acompanho,sempre que posso,os acontecimentos relacionados à capoeira,através desse grande difusor da nossa amada arte.
Tive a oportunidade de ler um artigo veiculado por este portal,datado do dia 1 de setembro de 2006,com o título : - "Brasília-DF - Violência e morte - A capoeira chora !!!".
Lembrei-me do trágico acontecimento onde foi espancado e assassinado brutalmente o jovem Marcos Velasco no dia 10 de agosto de 1993,por um grupo de jovens brasilienses.
Entre os participantes,encontravam-se monstros travestidos em atletas praticantes de diversas formas de defesa pessoal.
A capoeira, hoje, 05/02/2011, quando revisei este texto, sendo uma modalidade esportiva tombada como patrimônio imaterial da humanidade,não poderia ficar ausente. Não preciso discorrer muito,para que todos imaginem o quanto este acontecimento comoveu imensamente a nossa sociedade pela crueldade como seus executores agiram.
Logo após esta barbárie, as autoridades começaram uma verdadeira caça às academias de artes marciais, buscando qualquer indício que pudessem reprová-las como órgão educadores.
Não me visitaram,creio eu, pelo meu trabalho transparente,sempre utilizando a capoeira como um excelente veículo auxiliar na formação dos jovens .
Um fato desagradável me decepcionou alguns dias após o fatídico episódio. O nosso jornal de maior circulação na capital federal - CORREIO BRAZILIENSE- lançou uma matéria inverídica e irresponsável na primeira página. A manchete denominava-se : - "GANGUES DO PLANO PILOTO DE BRASÍLIA". Sobre um mapa esquemático da cidade colocaram diversas bandeirinhas com o NOME de cada uma dessas gangues. Para a minha surpresa, ví meu nome escrito em uma dessas bandeirinhas : - ADILSONCAPOEIRA. Nome este,símbolo do grupo liderado por mim durante 24 anos em Brasília.
Como o meu nome foi parar lá, não sei até hoje o motivo. Estive em alguns programas locais de televisão e inclusive no próprio CORREIO BRAZILIENSE para saber o porquê de terem maculado um símbolo tradicional na capital do Brasil. Não me deram nenhuma resposta convincente. Simplesmente acusavam algum jornalista irresponsável,mas não revelaram nomes e nem mesmo se importaram em reparar o erro crasso , do qual só trouxe,vergonha e revolta a mim e a todos que me conheciam.
Desde então, fui gradualmente acabando com o grupo ADILSONCAPOEIRA, desgostoso pela facilidade como somos destruídos e manipulados por uma instituição cuja função deveria ser , a de bem-informar a população que a sustenta, ao invés de levantar precipitadamente,falsos-testemunhos(Art.342) de cidadãos REALMENTE úteis à sociedade
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
CAMPEONATO BRASILEIRO 1977
Era uma manhã fria e encontrávamos reunidos para o desjejum.
Estávamos no segundo dia do evento anual realizado por um grande mestre amigo nosso. Na nossa mesa encontravam-se muitos mestres de renome.
Aproveitei o ensejo e perguntei a um deles o motivo pelo qual "roubaram-me"o título de campeão brasileiro dos pesos pesados no segundo semestre de 1977. A equipe da Bahia,sobrepondo-se à autoridade dos juízes, conseguiu fazer a cabeça da mesa organizadora invertendo o resultado que me proclamou vitorioso na final de 1977.
Notei seu constrangimento ante a minha pergunta na presença de todos,mas eu precisava de uma resposta. Lacônicamente, ele me respondeu que o motivo foi uma tesoura que o adversário me aplicou. Pura mentira! Os árbitros teriam visto esse golpe que não existiu,além de não precisar de todo o "circo"que foi armado. Isso sem contar com a explosão de alegria demonstrada pela platéia (Dizem que a voz do povo é a voz de Deus) e o quase-caos instaurado com a "manipulação" fraudulenta.
Vou contar para vocês os FATOS que ocorreram durante o evento:
1) O resultado final foi baseado na opinião de três juízes: Dois laterais,cada um empunhando duas bandeirinhas de cores diferentes,representando cada atleta. Um central que moderava a conduta dos participantes e determinava ou não a vitória caso houvesse um empate entre os laterais.
Depois de diversas prorrogações por falta de combatividade, cada juiz lateral levantou uma bandeira diferente. Empate !!! Então o juiz central levanto o meu braço declarando-me vencedor.
2) Como disse no início,a manifestação do público presente foi inesquecível. Invadiram o espaço central da sala do clube Guanabara onde ocorreu o evento para me abraçar e cumprimentar. Os amigos de equipe e outros que foram até o Rio de Janeiro assistir o campeonato,também me envolveram num clima de alegria contagiante. Neste exato momento lembro-me de pessoas como a minha ex-mulher Leila,o campeão dos leves Monera,o Edu que filmou alguns lances,meu sobrinho Felipe,o mestre Camisa,o mestre Mudinho,o mestre Itamar, o mestre Tabosa(Juiz e técnico da nossa delegação) entre muitos outros.
3) Durante a festa instaurada pelo público em função da minha vitória,pude observar a equipe da Bahia correndo em direção à mesa organizadora. Minutos após o porta-voz da mesa se manifestou publicamente para inverter o resultado que já havia sido consagrado pelo juiz e pela multidão. A alegação que usaram foi a de que eu teria colocado um pé para fora da roda ,num determinado momento. Além da ilicitude do ato da mesa,ela considerou um mero detalhe mais importante do que todo o contexto. Lembro-me de uma charge onde uma pessoa estava na iminência de içar uma outra com uma corda amarrada no pescoço alegando a necessidade de retirar uma nota de cem dólares que estava sendo pisada.Rsrsrsr
4) A grandeza de manifestação de alegria pelo público ao me ver campeão,foi substituída pela desordem ao ouvirem a inversão do resultado. Haviam apenas dois segurança para todo o evento e logicamente foram insuficientes para conter a turba ensandecida. Fato engraçado,mas digno de nota,foi o "Pagadão "que o Gigante ,mestre Itamar deu num dos seguranças. Mas nada disso adiantou e mantiveram o resultado.
Talvez numa tentativa de compensar a fraqueza moral da mesa frente à "Fôrça "política ,ainda presente, da Bahia,concederam-me um troféu de destaque técnico (Oferta do mestre Bogado) além da capa de uma revista,onde apareço jogando com o atleta do Paraná (Por sinal,grande capoeirista).
5) O mestre Acordeon ,como cavalheiro e bom esportista,veio cumprimentar-nos ,enaltecendo as qualidades de todos os componentes da nossa equipe,além de eximir-se de qualquer culpa em relação ao ocorrido. Ao estender a mão à minha ex-esposa,inconsolável e em prantos ,não foi correspondido. E ainda por cima foi maldosamente chamado por ela de "Sanfona "Rsrsrsrsr.
FATO CURIOSO QUE ACONTECEU DURANTE A NOSSA ESTADA NO RIO DE JANEIRO.
Encontrei um cara na rua vestido com motivos militares. Ele me chamou pelo nome,me cumprimentou e perguntou pela capoeira. Pedí-lhe desculpas por não estar lembrando da sua pessoa. Ele reforçou dizendo-me que havia estudado comigo no curso pré-universitário em Brasília. Haviam passado sete anos desde que eu fui aluno do cursinho. Neste momento aglomerava ao nosso redor, um grupo de pessoas estranhas ao nosso grupo. Meus amigos cochichavam-me no ouvido o nome da pessoa,mas isso me dizia muita coisa. O cidadão,usava uma boina preta com uma estrelinha afixada. Contou-me que costumávamos ficar sentados na última fileira da sala,junto com o "Tio ",o Édsel Fantasinni,o baixinho e o grandão. Ele tocava violão e cantava nos intervalos das aulas. A turma que sentava nas fileiras da frente era composta de "filhinhos de papai"os quais nos odiavam pela nossa irreverência e pela voz de "Taquara rachada" do Raimundo Ceará.
Finalmente eu me lembrei do amigo e compreendi o motivo da aproximação dos fãs em torno de nós. Eu estava diante do,já-famoso FAGNER,o qual acabara de lançar o seu primeiro LP.
As provocações que os componentes da equipe da Bahia faziam quando passavam por nós eram na forma de gesticulações e caretas. O mestre Acordeon,de camiseta regata,lembrava muito o inesquecível Freddy Mercury.
O saudoso mestre Eziquiel teve uma participação infeliz no campeonato ao ser surpreendido por uma tesoura certeira executada pelo também falecido Carlão( Muzenza,Pelezinho) meu ex-aluno e depois do mestre Peixinho. O Muzenza era um excelente capoeirista,mas com um comportamento reprovável que culminou com o seu assassinato. No campeonato,ele representou a equipe do Rio de Janeiro.
O mestre Monera,meu ex-aluno e formado pelo mestre Tabosa,sagrou-se campeão dos leves ao executar uma belíssima cruz no adversário.
O mestre Acordeon era famoso pelas suas bandas de frente. Ele simulava um martelo e produzia um ruído ao bater com a palma na face lateral do pé. O adversário,assustado,esquivava-se descuidadamente ,colocando-se na posição exata para que ele executasse a banda.
Eu observei essa característica dele em outros campeonatos e procurei adequar a velocidade dos meus golpes de modo a não telegrafar.
Outra característica dele era a de armar uma "boca-de-siri "forçando o adversário a sair de Aú para aplicar-lhe uma cabeçada.
Eu possuía um filme em super-8 que registrava o meu jogo com o atleta do Paraná e alguns lances do meu jogo com o Acordeon. Infelizmente a filmadora não conseguiu captar tudo porque estava anoitecendo e a sua sensibilidade luminosa era pequena. Além disso me roubaram a fita em Brasília.
Na parte visível do filme que onde eu jogava com o Acordeon via-se um lance,de certa forma engraçado,onde caímos os dois juntos em direções opostas. Eu o atingi com uma bênção ao mesmo tempo em que ele me desequilibrou com uma rasteira.
Outro lance que considerei desleal,mas sem maiores reprimendas por parte do juiz,foi quando o Acordeon me atingiu a genitália com uma ponteira. Não fosse a minha defesa parcial com a mão direita,o estrago seria imprevisível. A minha mão ficou muito edemaciada com o derrame causado pelo chute.
Caí me contorcendo em dor;mas nem o estado no qual me encontrava,impediu de me manifestar contra a atitude de um pseudo-socorrista querendo aplicar gelo diretamente sobre as minhas partes íntimas.Rsrsrsrsrs Qual é meu irmão?!?!?!
Confirmei durante as lutas o resultado do treinamento intensivo que empreendi antes do campeonato. Os amigos em Brasília costumavam me dizer que o Acordeon estava treinando intensivamente para me pegar. Mesmo sendo brincadeira,eu encarava com seriedade, intensificando a velocidade e potência dos principais golpes. Esta ,sempre foi a nossa característica : - A preocupação com a LUTA CAPOEIRA.
Conseguí acertar o peito do Acordeon sem que ele nem manifestasse iniciar um contra-ataque com suas bandas fatais. Ele tossiu levando a mão ao tórax ao mesmo tempo em que se ajoelhava sobre uma perna apenas.
Antes do início de um jogo das diversas prorrogações,conversamos um pouco ao pé do berimbau. Ele elogiou-me dizendo que "eu era bom". Fiquei lisonjeado até o momento em que ele completou: - "Eu digo isso porque eu sou bom e posso dizer". Um ex-aluno meu ao contar esse fato para uma filha do Acordeon,teve como resposta: - "Ah! Isso é típico do meu pai!"rsrsrsrsrr
Ainda no pé do berimbau,disse-lhe que agora eu iria golpeá-lo no peito com a perna esquerda. Ele riu e desdenhou. Prometido e cumprido! Novamente não viu de onde saiu a chicotada. Repetiu-se a cena anterior. Digno de nota era a diferença de tamanho entre nós dois.
De qualquer forma eu enfrentei um grande mestre,acostumado a vitórias sucessivas,mas que não podia imaginar-se em situações adversas,como a que ele vivenciou.
Deixo-lhes estes fatos,para que exercitem os julgamentos lógicos. Não os conto para desmoralizar quem quer que seja,ou para me promover,haja vistas que sou apenas um capoeirista,com todas as falhas inerentes ao ser humano e sem nenhuma intenção de tornar-me evidente. Acredito que devamos ser mais justos do que bons. A tradição oral como o próprio nome diz,não tem a participação da escrita e portanto não representa a HISTÓRIA,deixando-nos a mercê de uma maquiagem temporal da verdade.
Aproveito este final,para deixar-lhes um resumo histórico contado em dezessete versos feitos por mim alguns anos após o Campeonato brasileiro de 1977:
VOU CONTAR UMA HISTÓRIA
DUM MENINO CAPOEIRA
O QUAL LEVAVA A SÉRIO
A RODA DE BRINCADEIRA
ERA DESACREDITADO
SUA FAMA INEXISTIA
NÃO VEIO DE BERÇO NOBRE
NEM PASSOU PELA BAHIA.
SEU MARTELO ERA UM RAIO
MEIA-LUA UM FACÃO
OBJETIVO,O SEU LEMA
COMPLETA DEDICAÇÃO.
NUNCA FOI MAIS QUE NINGUÉM
NEM TAMPOUCO MANDINGUEIRO
NÃO TINHA CORPO SARADO
MAS TINHA GOLPE LIGEIRO.
CAPOEIRA FOI CHEGANDO
MAS NÃO ERA COMO ESPORTE
QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA
PARCEIRA DE VIDA OU DE DE MORTE.
NÃO APANHAR MAIS NA RUA
FOI SUA FILOSOFIA
HOJE TUDO É BRINCADEIRA
NUMA RODA DE ALEGRIA.
FEZ ESCOLA E MUITO ALUNO
SEMPRE COM MUITA HUMILDADE
FEZ DAQUILO QUE FAZIA
UM ORGULHO PRA CIDADE.
MAS O PONTO CULMINANTE
DESSE MENINO GUERREIRO
FOI QUANDO NO ISOLAMENTO
TREINOU DURO UM ANO INTEIRO.
FOI POR CAUSA DE UM CONVITE
QUE FIZERAM OS COMPANHEIROS
PRA LUTAR COM UM GRANDE MESTRE
LÁ NO RIO DE JANEIRO
ERA UM MESTRE RESPEITADO
CONHECIDO VENCEDOR
SEU NOME ERA TEMIDO
CAPOEIRA DE VALOR
MAS A VAIDADE CEGA
E O ORGULHO,ESSE DOENTE
ROUBA DO HOMEM OS SENTIDOS
NÃO ENXERGA UM PALMO À FRENTE
NÃO PODIA IMAGINAR
DOS PÉS DE UM DESCONHECIDO
MARTELOS COMO CHICOTES
DEIXANDO O ORGULHO FERIDO
A VITÓRIA PROCLAMADA
ENDOIDOU A MULTIDÃO
A QUAL APLAUDIA DE PÉ
O MENINO CAMPEÃO
ALEGRIA DURA POUCO
NUM ATO PRECIPITADO
TIRARAM-LHE O DOCE DA BOCA
INVERTERAM O RESULTADO
A MULTIDÃO REVOLTADA
COMEÇOU A CONFUSÃO
NÃO ACEITARAM A COVARDIA
CONTRA O LEGÍTIMO CAMPEÃO
MAS NADA ADIANTOU
E O RESULTADO FOI MANTIDO
COMEMORAÇÃO DA "NOBREZA "
SOBRE UM CORAÇÃO PARTIDO.
MESTRE ,SIGA O TEU CAMINHO
E LEVA ESSE TROFÉU PESADO
COMEMORE COM OS SEUS PARES
ESSE TÍTULO FORJADO.
Estávamos no segundo dia do evento anual realizado por um grande mestre amigo nosso. Na nossa mesa encontravam-se muitos mestres de renome.
Aproveitei o ensejo e perguntei a um deles o motivo pelo qual "roubaram-me"o título de campeão brasileiro dos pesos pesados no segundo semestre de 1977. A equipe da Bahia,sobrepondo-se à autoridade dos juízes, conseguiu fazer a cabeça da mesa organizadora invertendo o resultado que me proclamou vitorioso na final de 1977.
Notei seu constrangimento ante a minha pergunta na presença de todos,mas eu precisava de uma resposta. Lacônicamente, ele me respondeu que o motivo foi uma tesoura que o adversário me aplicou. Pura mentira! Os árbitros teriam visto esse golpe que não existiu,além de não precisar de todo o "circo"que foi armado. Isso sem contar com a explosão de alegria demonstrada pela platéia (Dizem que a voz do povo é a voz de Deus) e o quase-caos instaurado com a "manipulação" fraudulenta.
Vou contar para vocês os FATOS que ocorreram durante o evento:
1) O resultado final foi baseado na opinião de três juízes: Dois laterais,cada um empunhando duas bandeirinhas de cores diferentes,representando cada atleta. Um central que moderava a conduta dos participantes e determinava ou não a vitória caso houvesse um empate entre os laterais.
Depois de diversas prorrogações por falta de combatividade, cada juiz lateral levantou uma bandeira diferente. Empate !!! Então o juiz central levanto o meu braço declarando-me vencedor.
2) Como disse no início,a manifestação do público presente foi inesquecível. Invadiram o espaço central da sala do clube Guanabara onde ocorreu o evento para me abraçar e cumprimentar. Os amigos de equipe e outros que foram até o Rio de Janeiro assistir o campeonato,também me envolveram num clima de alegria contagiante. Neste exato momento lembro-me de pessoas como a minha ex-mulher Leila,o campeão dos leves Monera,o Edu que filmou alguns lances,meu sobrinho Felipe,o mestre Camisa,o mestre Mudinho,o mestre Itamar, o mestre Tabosa(Juiz e técnico da nossa delegação) entre muitos outros.
3) Durante a festa instaurada pelo público em função da minha vitória,pude observar a equipe da Bahia correndo em direção à mesa organizadora. Minutos após o porta-voz da mesa se manifestou publicamente para inverter o resultado que já havia sido consagrado pelo juiz e pela multidão. A alegação que usaram foi a de que eu teria colocado um pé para fora da roda ,num determinado momento. Além da ilicitude do ato da mesa,ela considerou um mero detalhe mais importante do que todo o contexto. Lembro-me de uma charge onde uma pessoa estava na iminência de içar uma outra com uma corda amarrada no pescoço alegando a necessidade de retirar uma nota de cem dólares que estava sendo pisada.Rsrsrsr
4) A grandeza de manifestação de alegria pelo público ao me ver campeão,foi substituída pela desordem ao ouvirem a inversão do resultado. Haviam apenas dois segurança para todo o evento e logicamente foram insuficientes para conter a turba ensandecida. Fato engraçado,mas digno de nota,foi o "Pagadão "que o Gigante ,mestre Itamar deu num dos seguranças. Mas nada disso adiantou e mantiveram o resultado.
Talvez numa tentativa de compensar a fraqueza moral da mesa frente à "Fôrça "política ,ainda presente, da Bahia,concederam-me um troféu de destaque técnico (Oferta do mestre Bogado) além da capa de uma revista,onde apareço jogando com o atleta do Paraná (Por sinal,grande capoeirista).
5) O mestre Acordeon ,como cavalheiro e bom esportista,veio cumprimentar-nos ,enaltecendo as qualidades de todos os componentes da nossa equipe,além de eximir-se de qualquer culpa em relação ao ocorrido. Ao estender a mão à minha ex-esposa,inconsolável e em prantos ,não foi correspondido. E ainda por cima foi maldosamente chamado por ela de "Sanfona "Rsrsrsrsr.
FATO CURIOSO QUE ACONTECEU DURANTE A NOSSA ESTADA NO RIO DE JANEIRO.
Encontrei um cara na rua vestido com motivos militares. Ele me chamou pelo nome,me cumprimentou e perguntou pela capoeira. Pedí-lhe desculpas por não estar lembrando da sua pessoa. Ele reforçou dizendo-me que havia estudado comigo no curso pré-universitário em Brasília. Haviam passado sete anos desde que eu fui aluno do cursinho. Neste momento aglomerava ao nosso redor, um grupo de pessoas estranhas ao nosso grupo. Meus amigos cochichavam-me no ouvido o nome da pessoa,mas isso me dizia muita coisa. O cidadão,usava uma boina preta com uma estrelinha afixada. Contou-me que costumávamos ficar sentados na última fileira da sala,junto com o "Tio ",o Édsel Fantasinni,o baixinho e o grandão. Ele tocava violão e cantava nos intervalos das aulas. A turma que sentava nas fileiras da frente era composta de "filhinhos de papai"os quais nos odiavam pela nossa irreverência e pela voz de "Taquara rachada" do Raimundo Ceará.
Finalmente eu me lembrei do amigo e compreendi o motivo da aproximação dos fãs em torno de nós. Eu estava diante do,já-famoso FAGNER,o qual acabara de lançar o seu primeiro LP.
As provocações que os componentes da equipe da Bahia faziam quando passavam por nós eram na forma de gesticulações e caretas. O mestre Acordeon,de camiseta regata,lembrava muito o inesquecível Freddy Mercury.
O saudoso mestre Eziquiel teve uma participação infeliz no campeonato ao ser surpreendido por uma tesoura certeira executada pelo também falecido Carlão( Muzenza,Pelezinho) meu ex-aluno e depois do mestre Peixinho. O Muzenza era um excelente capoeirista,mas com um comportamento reprovável que culminou com o seu assassinato. No campeonato,ele representou a equipe do Rio de Janeiro.
O mestre Monera,meu ex-aluno e formado pelo mestre Tabosa,sagrou-se campeão dos leves ao executar uma belíssima cruz no adversário.
O mestre Acordeon era famoso pelas suas bandas de frente. Ele simulava um martelo e produzia um ruído ao bater com a palma na face lateral do pé. O adversário,assustado,esquivava-se descuidadamente ,colocando-se na posição exata para que ele executasse a banda.
Eu observei essa característica dele em outros campeonatos e procurei adequar a velocidade dos meus golpes de modo a não telegrafar.
Outra característica dele era a de armar uma "boca-de-siri "forçando o adversário a sair de Aú para aplicar-lhe uma cabeçada.
Eu possuía um filme em super-8 que registrava o meu jogo com o atleta do Paraná e alguns lances do meu jogo com o Acordeon. Infelizmente a filmadora não conseguiu captar tudo porque estava anoitecendo e a sua sensibilidade luminosa era pequena. Além disso me roubaram a fita em Brasília.
Na parte visível do filme que onde eu jogava com o Acordeon via-se um lance,de certa forma engraçado,onde caímos os dois juntos em direções opostas. Eu o atingi com uma bênção ao mesmo tempo em que ele me desequilibrou com uma rasteira.
Outro lance que considerei desleal,mas sem maiores reprimendas por parte do juiz,foi quando o Acordeon me atingiu a genitália com uma ponteira. Não fosse a minha defesa parcial com a mão direita,o estrago seria imprevisível. A minha mão ficou muito edemaciada com o derrame causado pelo chute.
Caí me contorcendo em dor;mas nem o estado no qual me encontrava,impediu de me manifestar contra a atitude de um pseudo-socorrista querendo aplicar gelo diretamente sobre as minhas partes íntimas.Rsrsrsrsrs Qual é meu irmão?!?!?!
Confirmei durante as lutas o resultado do treinamento intensivo que empreendi antes do campeonato. Os amigos em Brasília costumavam me dizer que o Acordeon estava treinando intensivamente para me pegar. Mesmo sendo brincadeira,eu encarava com seriedade, intensificando a velocidade e potência dos principais golpes. Esta ,sempre foi a nossa característica : - A preocupação com a LUTA CAPOEIRA.
Conseguí acertar o peito do Acordeon sem que ele nem manifestasse iniciar um contra-ataque com suas bandas fatais. Ele tossiu levando a mão ao tórax ao mesmo tempo em que se ajoelhava sobre uma perna apenas.
Antes do início de um jogo das diversas prorrogações,conversamos um pouco ao pé do berimbau. Ele elogiou-me dizendo que "eu era bom". Fiquei lisonjeado até o momento em que ele completou: - "Eu digo isso porque eu sou bom e posso dizer". Um ex-aluno meu ao contar esse fato para uma filha do Acordeon,teve como resposta: - "Ah! Isso é típico do meu pai!"rsrsrsrsrr
Ainda no pé do berimbau,disse-lhe que agora eu iria golpeá-lo no peito com a perna esquerda. Ele riu e desdenhou. Prometido e cumprido! Novamente não viu de onde saiu a chicotada. Repetiu-se a cena anterior. Digno de nota era a diferença de tamanho entre nós dois.
De qualquer forma eu enfrentei um grande mestre,acostumado a vitórias sucessivas,mas que não podia imaginar-se em situações adversas,como a que ele vivenciou.
Deixo-lhes estes fatos,para que exercitem os julgamentos lógicos. Não os conto para desmoralizar quem quer que seja,ou para me promover,haja vistas que sou apenas um capoeirista,com todas as falhas inerentes ao ser humano e sem nenhuma intenção de tornar-me evidente. Acredito que devamos ser mais justos do que bons. A tradição oral como o próprio nome diz,não tem a participação da escrita e portanto não representa a HISTÓRIA,deixando-nos a mercê de uma maquiagem temporal da verdade.
Aproveito este final,para deixar-lhes um resumo histórico contado em dezessete versos feitos por mim alguns anos após o Campeonato brasileiro de 1977:
VOU CONTAR UMA HISTÓRIA
DUM MENINO CAPOEIRA
O QUAL LEVAVA A SÉRIO
A RODA DE BRINCADEIRA
ERA DESACREDITADO
SUA FAMA INEXISTIA
NÃO VEIO DE BERÇO NOBRE
NEM PASSOU PELA BAHIA.
SEU MARTELO ERA UM RAIO
MEIA-LUA UM FACÃO
OBJETIVO,O SEU LEMA
COMPLETA DEDICAÇÃO.
NUNCA FOI MAIS QUE NINGUÉM
NEM TAMPOUCO MANDINGUEIRO
NÃO TINHA CORPO SARADO
MAS TINHA GOLPE LIGEIRO.
CAPOEIRA FOI CHEGANDO
MAS NÃO ERA COMO ESPORTE
QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA
PARCEIRA DE VIDA OU DE DE MORTE.
NÃO APANHAR MAIS NA RUA
FOI SUA FILOSOFIA
HOJE TUDO É BRINCADEIRA
NUMA RODA DE ALEGRIA.
FEZ ESCOLA E MUITO ALUNO
SEMPRE COM MUITA HUMILDADE
FEZ DAQUILO QUE FAZIA
UM ORGULHO PRA CIDADE.
MAS O PONTO CULMINANTE
DESSE MENINO GUERREIRO
FOI QUANDO NO ISOLAMENTO
TREINOU DURO UM ANO INTEIRO.
FOI POR CAUSA DE UM CONVITE
QUE FIZERAM OS COMPANHEIROS
PRA LUTAR COM UM GRANDE MESTRE
LÁ NO RIO DE JANEIRO
ERA UM MESTRE RESPEITADO
CONHECIDO VENCEDOR
SEU NOME ERA TEMIDO
CAPOEIRA DE VALOR
MAS A VAIDADE CEGA
E O ORGULHO,ESSE DOENTE
ROUBA DO HOMEM OS SENTIDOS
NÃO ENXERGA UM PALMO À FRENTE
NÃO PODIA IMAGINAR
DOS PÉS DE UM DESCONHECIDO
MARTELOS COMO CHICOTES
DEIXANDO O ORGULHO FERIDO
A VITÓRIA PROCLAMADA
ENDOIDOU A MULTIDÃO
A QUAL APLAUDIA DE PÉ
O MENINO CAMPEÃO
ALEGRIA DURA POUCO
NUM ATO PRECIPITADO
TIRARAM-LHE O DOCE DA BOCA
INVERTERAM O RESULTADO
A MULTIDÃO REVOLTADA
COMEÇOU A CONFUSÃO
NÃO ACEITARAM A COVARDIA
CONTRA O LEGÍTIMO CAMPEÃO
MAS NADA ADIANTOU
E O RESULTADO FOI MANTIDO
COMEMORAÇÃO DA "NOBREZA "
SOBRE UM CORAÇÃO PARTIDO.
MESTRE ,SIGA O TEU CAMINHO
E LEVA ESSE TROFÉU PESADO
COMEMORE COM OS SEUS PARES
ESSE TÍTULO FORJADO.
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